
Em muitas profissões, a palavra do especialista é considerada parâmetro de confiança. Quando um médico emite um diagnóstico ou um advogado apresenta uma orientação, suas palavras são geralmente aceitas como verdadeiras. No entanto, essa confiança não se estende a todos os profissionais com formação superior, como é o caso dos professores.
Nos anos 1990 e 2000, a palavra do professor ainda era respeitada e a profissão gozava de maior valorização social. Com a popularização do acesso à internet e o advento das redes sociais, essa credibilidade começou a se deteriorar. Hoje, o que o professor ensina muitas vezes é encarado como doutrinação ou desinformação, enquanto informações sem fontes confiáveis, divulgadas em vídeos ou postagens, são rapidamente aceitas como verdadeiras.
É claro que o professor nem sempre está certo. Como qualquer profissional, ele pode cometer erros — e deve saber reconhecê-los quando ocorrem. Eu mesmo, por exemplo, já reconheci meus equívocos diversas vezes em sala de aula. No entanto, o fato é que o professor estudou e se preparou para estar ali, construindo seu conhecimento ao longo de anos de formação e experiência.
Nas escolas, essa mudança de percepção é visível no dia a dia. Quando um professor solicita uma reunião com os responsáveis de um aluno, é comum que estes já cheguem munidos de argumentos em defesa do filho, muitas vezes sem disposição para ouvir a visão do educador. Se o aluno não alcança o desempenho esperado, a culpa recai sobre o professor. Quando um conteúdo é questionado, a palavra do docente é frequentemente invalidada pelo senso comum.
Afinal, de que servem os anos de graduação e especialização dos professores se suas falas são desconsideradas diante de informações superficiais? Será que um aluno, que passa horas consumindo vídeos curtos de fontes duvidosas, detém mais conhecimento do que o professor que estudou e lecionou por anos? Não caberia também aos alunos a responsabilidade pelos seus próprios atos?
Esses são questionamentos urgentes no contexto educacional atual. Valorizar o professor é reconhecer que uma sociedade só avança quando respeita aqueles que têm a missão de formar as próximas gerações.
Professor Solon, professor de Matemática da rede estadual do Rio Grande do Sul, coordenador de projetos educacionais em Faxinal do Soturno e doutorando em Ensino de Ciências e Matemática na Universidade Franciscana (UFN). Contato: (55) 99663-0576.