Realizada nesta semana, entre os dias 3 e 6 de agosto, em Santa Maria, a certificação dos cães e dos cinotécnicos que conduzem os caninos em operações de busca, salvamento e resgate em enchentes, estruturas colapsadas e em condições climáticas adversas. Evento foi promovido pela Câmara Técnica de Cinofilia do Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul.
Durante as atividades, quem esteve participando foi o soldado do Corpo de Bombeiros Militar, Estefânio Guinazu Bernardes, natural de Restinga Sêca. Ele é especialista em realizar busca e salvamento com cães farejadores, inclusive atuou, juntamente da cadela Molly, nas buscas pelos bombeiros militares desaparecidos após o incêndio e colapso na estrutura da Secretaria da Segurança Pública ocorrido no mês passado em Porto Alegre.
A programação do exercício de avaliação e certificação de binômios (cão e bombeiro) iniciou com a apresentação dos membros da câmara técnica e reunião dos oficiais e praças avaliadores do curso. Após essa introdução, os candidatos foram apresentados e médicos veterinários realizam a certificação e inspeção sanitária dos cães.
Entenda como ocorrem as provas de certificação
A certificação é constituída por provas de obediência e por busca rural e urbana, de vítimas vivas ou mortas. Para a prova de buscas, é simulada uma ocorrência em uma área delimitada, com número de vítimas definido e o tempo cronometrado. A avaliação considera, não apenas a pontuação por localizar a vítima, mas também a estratégia de busca, o trabalho do binômio, a qualidade com que o cão se apresenta, a capacidade física dele e, lógico, a sinalização com latido quando localizar a vítima.
As indicações de vítimas em ambientes urbanos não são simples, e nem sempre os cenários são os mesmos. Os locais de buscas em áreas urbanas dependem de variáveis como: tipo e posição dos escombros, possibilidade de acesso aos mesmos, temperatura ambiental, presença ou ausência de correntes de vento, entre outras especificidades.
Nos colapsos estruturais de edificações, apesar de toda a tecnologia já desenvolvida, os cães ainda trazem um benefício significativo nas buscas. Os cães, quando bem treinados, podem localizar também a presença do odor humano entre os escombros, enquanto a maioria dos equipamentos é baseada na ampliação de gemidos e pequenos sussurros das vítimas soterradas. Para esta simulação, foi cedido o espaço da empresa EcoSanta (Gestão Integrada de Resíduos Ltda), em Santa Maria.
O emprego de cães é muito utilizado para buscas de pessoas perdidas em matas, montanhas ou campos. A prova de busca rural foi realizada na Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro). Essa atividade usa as características primitivas do cão em seguir a pista deixada por sua caça. Os cães tendem a adaptar-se com facilidade ao meio rural pelos seus instintos, de forma que a maioria dos ambientes lhes é muito familiar. O grande desafio nesse tipo de buscas é fazer com o que cão deixe sua curiosidade de lado e foque no trabalho.
As buscas rurais e as urbanas usaram como base a técnica chamada de venteio, que é a mais utilizada, pois mais se adapta na atuação das equipes humanas de busca. Com ela, um cão busca odores de seres humanos em determinada área. No exercício para localizar vítimas vivas é utilizado um figurante. Já para a localização de restos mortais, um Composto Orgânico Volátil é inserido em um manequim.
Na prova de obediência, o cinófilo precisa mostrar domínio sobre o cão mediante os comandos. Além de passar pelo circuito de obstáculos solicitados pelo condutor, o cão também precisa acatar os comandos como: “junto”, “fica”, “aqui” e “senta”. Além de atender aos comandos utilizados em uma busca, o cão deve realizar uma série de deslocamentos. A prova de obediência e a formatura com entrega de certificados e o encerramento do evento no espaço São José – Hotel e Centro de Eventos.
Com informações dos CBMRS
Foto: Laíz Lacerda