O presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Henrique Dornelles, esteve em Brasília (DF) nesta quarta-feira, 16 de janeiro, com o objetivo de tratar junto ao governo as distorções em relação ao preço mínimo do arroz, que causam impacto negativo para o produtor. A reunião, organizada pelo senador eleito Luiz Carlos Heinze (Progressistas-RS) foi no Ministério da Agricultura e contou com a presença de representantes das secretarias de Política Agrícola, Relações Internacionais e Defesa Agropecuária da pasta, além do economista chefe da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio Da Luz, e do presidente do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Guinter Frantz.
Também foi realizado encontro com a diretoria da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Na ocasião, com apoio do Irga, foi feita a defesa técnica que mostrou as incoerências relacionadas ao custo de produção calculado pela Conab. “Dissemos que o preço mínimo é totalmente inadequado à realidade, que se agravou com essa queda de produtividade no Rio Grande do Sul em relação às cheias na Campanha e Fronteira Oeste e a menor radiação solar ocorrida em todo o Estado que está nos dando uma condição pior que o ano passado”, destaca Dornelles.
O presidente da Federarroz elencou os pontos que levaram a esta defasagem, iniciando pela mão de obra das lavouras, onde a Conab não considerou a mão de obra efetivamente empregada durante período produtivo e sim exatamente a hora trabalhada, desconsiderando, por exemplo, paradas por chuvas, que impedem os trabalhos no campo e demais serviços, que são normais em uma granja. Além disto, destacou o custo da manutenção de máquinas e equipamentos que está muito aquém em relação à severidade que é produzir arroz irrigado no Rio Grande do Sul.
Dornelles ressaltou também que a Conab não levou em conta as novas tarifas da energia elétrica que estavam a ser implementadas da CEEE e da RGE Sul ainda em 2018 e que sofreram aumentos de 30% e 25% respectivamente. Também revelou que, por uma infelicidade da metodologia, agroquímicos e fertilizantes foram cotados em fevereiro e março do ano passado e depois deste período ganharam valorização de 50% e isso não foi observado pela companhia. “Outro ponto importante é o transporte de arroz verde da lavoura com umidade e impureza, o que elevaria os preços do frete em 20% pelo menos”, avaliou.
O dirigente também ponderou sobre a secagem e armazenagem, quando a Conab somente considerou 30 dias de armazenamento e uma secagem de custos bem mais brandos. Os integrantes das entidades orizícolas ponderaram que a média seria de seis meses e a modalidade é de redução de 22 graus de umidade para 12 graus, o que o mercado exige e isso acarreta em um custo importante na composição. Outro ponto foram os custos com financiamento e capital de giro próprio que a Conab considerou somente o calendário da utilização dos insumos. “Quando assinamos o contrato de custeio do banco, os juros já começam a contar a partir daquele momento e isso é relevante”, observou.
Além de todos estes problemas apontados pela metodologia, o grupo fez considerações acerca dos descontos feitos pela indústria que retiram o faturamento do produtor e assim produto disponível para ser considerado na determinação do custo. “O preço mínimo é o custo por hectare dividido pelo produto disponível. Quanto menos produto disponível maior é o preço mínimo”, afirmou o presidente da Federarroz.
No encontro, ficou definido que a Conab virá ao Rio Grande do Sul para realizar um levantamento dos custos de produção do arroz com o acompanhamento das entidades. Além disso, a Federarroz discutiu com o Ministério da Agricultura as exportações do grão, tratando de mercados preferenciais com o intuito de alavancar demanda pelo arroz ainda no primeiro semestre de 2019.
Fonte: Federarroz